segunda-feira, 30 de março de 2015

coisas que eu aprendi no mundo do *online dating*

ah, o dating world quando a gente tem trinta e poucos.

com esses aplicativos então, menina, é uma oferta absurda, tem tinder, tem plenty of fish, tem adote um cara... isso porque estou mencionando só os que podem ser usados no celular e eu já testei; no desktop tem mil outras opções e certamente existem outros aplicativos. tem artigos e artigos ajudando homens e mulheres a conhecer pessoas novas, tem milhões de maneiras de arrumar companhia pra essa noite sem ter que sair da cama pra procurar.

eu sei, eu sei que essa coisa de sair (ou não) e conhecer pessoas pra se "envolver" é uma questão muito pessoal, tem quem goste, tem quem odeie, tem quem sinta medo etc. mas quando você tem trinta e poucos, eu acho que existem algumas coisas que todo mundo precisa ter em mente ao usar esses aplicativos, homem ou mulher. vamos a elas:


coisa #1: as pessoas mentem
assim como no mundo. mas no mundo virtual é mais fácil mentir, é mais difícil ser pego na mentira e dá pra mentir pra várias pessoas ao mesmo tempo. eu sei que as pessoas mentem. mas eu só experimentei isso na pele usando apps de relacionamento. a quantidade de homem casado/comprometido que se insinua pra você fingindo que é solteiro não é brincadeira. e como vocês não têm conhecidos em comum, é fácil manter essa mentira. e as pessoas estão ficando mestres em criar novas formas de enganar. e não vou ser ingênua (já chega o tanto que sou online) aqui e dizer que homens são mentirosos e mulheres são coitadinhas: porque já me disseram que tem um monte de mulher fazendo o mesmo. então a minha primeira dica pra você, que quer experimentar esse mundo, é: fica esperta/o. não acredite nas pessoas porque elas parecem legais. a pessoa casada não deixa de ser legal. e conforme vai aprendendo a mentir, isso vai ficando mais fácil e natural. então fica esperta/o. entra nessa sabendo que isso é um risco alto.


coisa #2: as pessoas não sabem o que querem
assim como você. e eu. aos vinte, a gente não sabe o que quer porque tem o mundo pela frente; aí a gente experimenta a vida, e aos trinta a gente continua sem saber o que quer porque tem mil coisas que a gente já sabe que não quer, mas nem todo mundo já experimentou, e você começa a lidar com essa falta de igualdade nas experiências. você cede aqui e ali, decide que não tem saco pra outras coisas, desiste em outros momentos. e é difícil começar uma relação, e ter disposição pra ser um casal, porque as desigualdades aos trinta são bem mais gritantes que aos vinte. tem um monte de marmanjo/a querendo compensar o fato de ter casado cedo e querendo ser piranho/a aos trinta -- o que eu acho super válido, contanto que seja uma atitude honesta com as outras pessoas. resumindo: ninguém sabe o que quer. ainda que muitos finjam que sabem.


coisa #3: rejeição online dói tanto quanto pessoalmente
não é porque a pessoa não está te vendo levar o fora que o fora fica mais fácil. mas assim como a oferta online é absurdamente maior, igualmente maior é a quantidade de rejeções. e a melhor forma de lidar com isso é: aprendendo a lidar. o tinder pode ser maravilhoso pra autoestima quando você ganha matches o dia todo, mas também pode ser um horror quando você marca coraçãozinho em 800 pessoas já sem olhar, desesperada e suando, e não ganha um match que seja. e depois ganha um, mas a conversa morre. ou você sai com o cara, e o cara sai no meio do encontro. ou quando nunca mais liga. a nossa cultura de esperar que o homem faça tudo/possa tudo não ajuda. e a rejeição existe em diversos níveis, mas encare isso como uma coisa boa: você está aprendendo finalmente a lidar com algo que a nossa geração vem ensinando a evitar. ser rejeitado não é o fim do mundo e muito menos é um atestado de que você é feia, gorda ou chata. você pode ser tudo isso para aquele cara, e tudo bem, tem muito cara que você acha feio e chato e magrelo e que certamente alguma outra mulher há de gostar. eu diria ainda que ser rejeitada às vezes pode te ensinar algo sobre você mesma. e você só tem a ganhar com isso.


então: seja honesta, pense no que você quer e pense que existem mil razões pra alguém não querer sair com você, a maioria delas externas a você.

saber dessas coisas é super importante pra que você se sinta um pouquinho mais segura/o nesse mundo cão de se relacionar aos trinta e poucos. conhecer gente online não é pros fracos. tem que quebrar muito a cara, tem que aprender a dançar conforme a música. e não estou me fazendo de vítima não, tudo é uma escolha. eu aceitei testar esse mundo. eu faço uso dele às vezes. mas, honestamente, não é o que eu quero pra minha vida. isso eu já sei. espero não precisar dele sempre.

domingo, 29 de março de 2015

o(s) querer(es)

não é fácil ser solteira aos trinta e poucos.

não que ser solteira em si seja difícil -- a gente aprende a se amar muito mais rápido quando pára de esperar que o outro nos ame. a gente aprende a sair sem depender dos outros, a viajar sozinha, a ir no restaurante sozinha (adoro e não mais me sinto observada/julgada, ainda que saiba que deve ter alguém com pena da minha suposta solidão), cinema, teatro, tudo. dá pra fazer tudo sozinha, e bem. não é por isso que é difícil.

também não é difícil, per se, ainda que seja chato, lidar com as expectativas. as minhas eu aprendi a domar, mas as dos outros. das pessoas que me amam e acham que pra eu ser feliz eu preciso de várias coisas. que eu preciso de um marido, ou pelo menos de um namorado. que eu preciso de um salário muito maior que o que eu tenho. que eu preciso de filhos, ou de planos de filhos. que eu preciso de planos de ter um imóvel, planos de ter uma previdência privada, planos de. planos. e eu aprendi que, honestamente, eu não sou boa nisso. eu não sei fazer planos de longo prazo. eu não sei pensar nos meus 60 anos quando as pessoas morrem aos 26 ao meu redor. eu quero viver agora, ser feliz agora, aprender a amar o que eu tenho, o que está ao meu redor. eu amo vocês, pessoas que me amam. mas eu não sou essa pessoa que vocês queriam que eu fosse. segura. que pensa no futuro. que sonha com o nome dos netos. estável. não sou.

eu acho essas coisas lindas, eu já sofri por não querer todas elas. eu me questiono constantemente -- que mulher não se questiona, meudeus? -- a respeito do porquê de não querer essas coisas, de não esperar o que se espera. eu não sei por que eu não quero. não sei explicar. eu só não quero. e não é um "não quero filhos", "não quero namorado", não é isso. eu só não tenho isso como meta de vida. se acontecer, vai ser porque minha realidade mudou, e ela será bem-vinda. mas eu não vivo meus dias pensando nisso. eu não quero ter esses planos. mas estou aberta ao mundo e às pessoas e às experiências. e é justamente por isso que não posso querer uma coisa específica. eu quero viver. ver no que dá.

ser solteira aos trinta e poucos é difícil, mais que tudo, porque a gente precisa lidar com outras pessoas solteiras aos trinta e poucos. e se eu já sou esse mundo de dúvidas e medos e desejos, imagina outra pessoa com os desejos e medos e dúvidas dela, numa idade em que a gente já tá sem saco pra ceder, pra ouvir, pra ser legal. eu às vezes tenho medo de estar me tornando uma pessoa que quer ser feliz acima de querer que o outro seja feliz comigo. eu queria que todos fossem felizes sem que ninguém precisasse abrir mão de nada. existe isso? é o que eu queria encontrar.

taí, achei uma coisa que eu quero.