segunda-feira, 4 de maio de 2015

a incrível categoria das pessoas legais

tentando não me tornar uma pessoa amarga, decidi falar de algo positivo. algo que nos deixa felizes, animadas na segunda de manhã, renovando a fé na humanidade: as pessoas legais.

porque sim, elas existem. mas aos 30, parece que é mais difícil encontrar. talvez por estarmos todos já cheios de calos e cicatrizes e exaustos. não sei. talvez sejam só ondas, *fads*, sorte. talvez seja a gente seguindo o conselho da amiga e se abrindo mais pro mundo. dando outra chance. mas elas existem, as pessoas legais. pode ser o cara do seu lado no ônibus, pode ser a mocinha que faz crochê olhando pela janela. elas existem. 

eu entendo mas não sei onde começa: a gente vai se fechando pro mundo. a realidade das relações aos 30 anos é às vezes meio triste: um monte de pessoas assustadas que já chegam no bar com armadura nível Mel Gibson em Coração Valente. a gente se acostuma com pouco. com beber sem conversar muito, transar sem se olhar muito, sair sem demorar muito... e voltar pro mundo, sem sorrisos, sem mãos dadas, sem carinho. a gente aprende que intimidade indica e leva a relacionamento, e como já decidimos (e como se decide isso?) que não queremos um, é melhor não arriscar. a gente se queixa de não mais ter o que a gente mesmo não dá.

nesse ano e meio solteira eu própria me tornei um pouco uma guerreira moderna: a gente vai se moldando com o que tem. o cara que conversa pouco te faz pensar que é assim que os encontros são. o outro que te objetifica te faz pensar que é ok fazer isso de volta. o outro que à meia-noite ainda não aprendeu o seu nome te faz pensar que talvez isso não importe tanto... mas importa. não é ok. não deveriam ser assim os encontros. e digo isso pros dois lados, porque aprendi que tem muito homem se sentindo um lixo no meio disso tudo também. de tanto des-sensibilizar as relações, por medo de envolvimento, a gente aos poucos deixa de se tornar uma pessoa legal.

e isso é muito triste. a ideia de que os encontros não podem mais ser intensos porque temos medo. porque confundimos intensidade com envolvimento, ou melhor, confundimos envolvimento com decisão de relacionamento monogâmico, que aos 30 pode significar morte ou coisa parecida. 

e eu falo agora por mim: de tanto medo de me relacionar, de parecer que escolhi, ou mesmo de me envolver demais, eu acho que endureci. me tornei fria. uma pessoa pior. eu me digo intensa, mas talvez venha sendo uma intensidade que só eu sinto, não compartilhada. porque o medo que o outro tem me dá medo, e eu não mais me entrego a nada nem ninguém. por medo de assustar, eu perco a parte mais gostosa de se relacionar -- que é a sensação da entrega. sem ela, somos todos agentes masturbatórios.

e é nessa hora que as pessoa legais aparecem: quando você acha que a vida é isso. elas chegam e não têm medo de segurar a sua mão em público. cozinham pra você. te contam os segredos delas. te acompanham no cinema, no museu, na livraria. te levam na porta de casa. te fazem rir até as seis da manhã. te fazem cócegas. café. carinho. cafuné. te fazem sentir. te acordam pra vida de novo.


as pessoas legais existem pra nos lembrar de não se acostumar com menos. de não aceitar as coisas pela metade. de não querer mais o que não é inteiro, intenso, completo. 

que a gente perca o medo de se relacionar, por medo de não mais conseguir se desvencilhar. que esse pensamento fique pro dia seguinte. que a gente volte a buscar essa felicidade nas pequenas coisas. esse post é um agradecimento aberto às pessoas legais que encontrei recentemente. you know who you are. muito obrigada.

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